Seja por motivos de saúde (diabetes, resistência insulínica, sobrepeso, obesidade, evitar cáries, hipoglicemia reativa etc) ou por escolha pessoal, adoçantes no geral são utilizados quando precisamos do dulçor dos açúcares, sem ter seus efeitos metabólicos.
Pensando nesses termos, um bom adoçante deve ter as seguintes características:
✔️ Ser de fácil solubilidade
✔️ Ter pouca ou nenhuma caloria
✔️ Resistir ao aquecimento ( inclusive à pasteurização e ultrapasteurização)
✔️ Ter sabor agradável
✔️ Não ter sabor residual, nem outro sabor além do doce (resfriamento, amargor, etc.)
✔️ Fornecer o mesmo volume do açúcar sem calorias significativas (especialmente importante para receitas)
✔️ Ter baixo custo de produção
Por isso, quando avaliamos as vantagens em usar um determinado adoçante, a base de comparação será o açúcar (sacarose).
Afinal, o que queremos é algo que tenha o sabor e as características do açúcar, sem seus efeitos metabólicos e calorias vazias 😉
Será que isso existe? 🤔
Vamos descobrir juntos? 😍
Maltitol
Maltitol é um poliol processado artificialmente a partir da hidrogenação maltose (obtida a partir de amidos).
É muito usado pela indústria⠀alimentícia como substituto do açúcar em produtos diet, ligh, “zero açúcar”. Suas calorias e poder de dulçor podem variar bastante dependendo da forma que foi processado (xarope, pó, etc.).
Mas não parece uma boa troca. Passe para o lado e compare: para ter a mesma doçura do açúcar, você precisa consumir MAIS maltitol. E para colaborar, a grande maioria das rótulos não informam a quantidade de maltitol usada na fabricação dos produtos.
Sabe o famoso “trocar 6 por meia dúzia?” Você está pagando bem caro por algo que é praticamente igual ao açúcar.
Maltitol é sempre ruim? Se ele estiver substituíndo o açúcar em algum produto que já teria pouco açúcar, como por exemplo, um chocolate amargo (mínimo 70%), ok.
Grave isso: precisa de mais maltitol para atingir o mesmo dulçor do açúcar, e portanto, o impacto glicêmico será o mesmo do açúcar.
Maltodextrina
Maltodextrina é um carboidrato (polissacarídeo) #ultraprocessado feito por hidrólise de amidos (milho, arroz, batata, trigo, mandioca, etc.). Essa hidrólise usa vários processos químicos com água, enzimas e ácidos para “quebrar” o amido em pedaços menores, resultando em um pó branco facilmente diluído em água.
Como é muito barata, fácil de produzir e quase não tem sabor doce, é usada de várias formas pela indústria, como por exemplo: espessaste em molhos, xaropes, caldas, principal ingrediente em pudins e gelatinas diet, agente de volume em adoçantes intensos, em comprimidos, fórmulas infantis, etc.
Com 4 calorias por grama, a #maltodextrina tem a mesma quantidade de calorias do #açúcar, mas seu índice glicêmico é MUITO maior do que do açúcar, pois é glicose pura de rápida digestão (afinal, com tantos processos, já foi parcialmente digerida).⠀Passe para o lado e veja a comparação com açúcar.
Na primeira postagem sobre #adoçantes alertei para o seguinte: nossa legislação permite que use maltodextrina (dentre outros edulcorantes) em ADOÇANTES DE MESA E ADOÇANTES DIETÉTICOS.
Por isso é preciso MUITA atenção ao comprar qualquer produto diet, light e principalmente adoçantes em pó, do tipo “forno e fogão”, onde a maior propaganda é que pode ser usado como substituto do açúcar em receitas.
A maioria é basicamente maltodextrina com uma pitada dos outros adoçantes intensos.
Nos meus destaques “NÃO INDICO” mostro o rótulo de alguns deles. Você já viu? Já prestou atenção nesses rótulos?
Frutose
A frutose é um carboidrato (monossacarídeo) que constitui 50% da sacarose (açúcar de mesa).
Quando comparado com açúcar, tem índice glicêmico menor e é quase 2 vezes mais doce. A princípio pode parecer boa coisa. Mas NÃO É.
Quando pensamos em saúde do ponto de vista metabólico, a frutose pode ser o pior dos açúcares. Há vasta documentação científica e bioquímica demonstrando que a ALTA ingestão de frutose é a causa da hesteatose hepática não-alcoólica (gordura no fígado) e está associada ao aumento dos triglicerídeos, resistência insulínica, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica. Diabéticos tipo 1 precisam ter cuidado com frutose pois ela causa elevação glicêmica semelhante à glicose.
A frutose está naturalmente presente em frutas e legumes. E parece não haver problema em pessoas saudáveis consumirem frutose dessa forma. Mas a ALTA ingestão de frutose não vem de frutas e legumes e sim da sua forma refinada: açúcar de mesa (e outros açúcares) e xarope de milho de alta frutose (HFCS). Ambos presentes na grande maioria de produtos ultraprocessados, refrigerantes, bebidas açucaradas, sucos, etc.
Tinha ideia dos perigos do alto consumo de #frutose?
Conhece alguém que precisa dessa informação?
Glicose
Glicose é um carboidrato (monossacarídeo) naturalmente presente em frutas, leguminosas, sementes, raízes e tubérculos e que constitui 50% da sacarose (açúcar de mesa). Também chamada de “açúcar no sangue” (ou dextrose), a glicose presente em nosso corpo pode vir dos alimentos que ingerimos ou podemos produzi-la a partir de outras substância (gliconeogênese).
É menos doce que o açúcar, mas o índice glicêmico é alto (passe para o lado para ver). Por isso, quando vamos avaliar diabetes, resistência insulínica usamos a glicose como parâmetro.
A reserva de glicose das plantas e sementes é o amido. Os animais armazenam o excesso de glicose na forma de glicogênio (principalmente no fígado) e como triglicerídeos (gordura) no tecido adiposo.
Para nós, glicose é muito importante. Basicamente todas nossas células a usam como fonte de energia. É tão importante que não precisamos comer glicose para suprir nossa necessidade diária pois nosso fígado produz toda glicose que necessitamos.
Excesso de glicose no sangue pode causar sérios prejuízos à saúde como: retinopatia (lesões oculares), neuropatia (lesões nos nervos), angiopatia (lesões nos vasos sanguíneos), lesões renais, diabetes, obesidade, síndrome metabólica, etc.
Lactose
A lactose, também conhecida como açúcar do leite, é um carboidrato (dissacarídeo) formado por dois açúcares simples: a glicose e a galactose. Para digerimos a lactose, precisamos da enzima lactase.
A atividade da lactase é alta na maioria dos bebês (pois precisam digerir a lactose do leite materno). Mas a partir dos 3 anos há uma queda gradual na produção da lactase. Assim, menos de 40% da população mundial adulta consegue digerir a lactose de forma eficaz e parece que é a genética que determina a produção persistente da lactase em adultos.
De acordo com estatísticas, o número de pessoas que digerem lactose costumam ser próximos de 0% dos americanos, 5% dos asiáticos, 25% dos africanos, 50% dos mediterrânicos e 90% dos europeus do norte. A Suécia tem o maior percentual de pessoas que digerem lactose.
Os sintomas mais comuns no diagnóstico de Intolerância à Lactose (IL), ou mesmo sensibilidade à lactose são: náuseas, diarreias, dores abdominais, gases, constipação intestinal, enxaqueca, dores de cabeça.
Contudo, mesmo quem tem deficiência da lactase, pode ingerir pequenas quantidades sem sintomas significativos.
Manteiga é basicamente a gordura do leite e por isso contêm quase nenhuma lactose. No processo de fabricação de queijos gordurosos, cerca de 90% da lactose é separada(soro).⠀Já os queijos maturados, tem ainda menos lactose, pois as bactérias que atuam na maturação consomem a lactose restante. Os iogurtes naturais também tem pouco residual de lactose (bactérias convertem a maior parte em ácido lático, galactose e glicose).
Hoje os produtos “sem lactose” são comuns no mercado. Mas na verdade, toda a lactose estará presente em forma de glicose e galactose, ou seja, a lactose só foi “digerida” pela aplicação da enzima lactase pela indústria.
Grave isso: produtos sem lactose tem a MESMA quantidade de açúcares dos seus similares com lactose. Se a questão é controle de açúcares, não há vantagem em consumir produtos sem lactose.
Sacarose
Naturalmente encontrada em frutas, legumes, grãos, leguminosas e vegetais, a sacarose é o nome científico do nosso açúcar de mesa. Mas apesar de estar presente nestes alimentos, a sacarose geralmente é extraída da cana-de-açúcar ou de beterraba branca (ou açucareira).
Sendo um dissacarídeo, a sacarose é formada por duas moléculas: uma de glicose + uma de frutose (ou 50% glicose e 50% frutose). Então, depois da sua digestão, o que absorvemos é glicose e frutose (veja postagem sobre frutose e glicose).
Além de ser adicionada a muitos alimentos ultraprocessados (sorvetes, refrigerantes, cereais, pães, biscoitos etc.), a sacarose para uso doméstico e industrial é menos doce que a frutose e mais doce que a glicose.
Para pessoas que não tem problemas com peso, não são diabéticas e metabolizam bem carboidratos, não há necessidade de evitar açúcares que são encontrados naturalmente presentes em comida de verdade. Afinal, os efeitos nocivos da sacarose só têm sido associados ao alto consumo de açúcares que são adicionados à dieta.
Os mais variados problemas de saúde tem sido associados ao excesso de sacarose adicionada: cáries, acne, problemas renais, gota, declínio cognitivo (problemas de memória, demência), aumento de fatores de risco de doenças cardíacas (obesidade, pressão alta e inflamação), aumento de fatores de risco para câncer (obesidade, resistência à insulina e inflamação), depressão, envelhecimento precoce (celular e tecidual), acúmulo de gordura visceral, esteatose hepática (gordura no fígado), diabetes, resistência à insulina, síndrome metabólica.
Galactose
A galactose é um dos três açúcares simples encontrados na natureza e que, junto com a glicose, forma a lactose (açúcar do leite).
Além de estar presente no leite e derivados, a galactose também é minimamente encontrada em vísceras animais, algumas frutas e leguminosas.
Apesar de ser importante para lactantes na formação da lactose do leite materno, a galactose pode ser sintetizada pelo corpo a partir da glicose e por isso, não há necessidade de ser incluída na alimentação.
Pouco conhecida, a galactose não é muito usada como adoçante pois seu dulçor é equivalente apenas a 1/3 do dulçor do açúcar. Tem baixo índice glicêmico, assim como a frutose, mas com a diferença de não ter problemas associados ao seu uso (como é no caso da frutose).
Mel
Mel é composto basicamente por frutose, glicose, água, pequenas quantidades de outros açúcares (sacarose, maltose etc.), mínimas quantidades de antioxidantes e outros elementos tidos como benéficos à saúde.
É um produto natural, com grande variedade de sabores e cores, produzido por abelhas operárias. Elas sugam o néctar que coletam das flores e o armazenam na primeira parte dos seus estômagos. Ali, enzimas presentes digerem sacarose e aumentam acidez do néctar o que ajuda a eliminar bactérias.
De volta a colmeia, as abelhas operárias regurgitam o néctar de boca em boca para outras abelhas. Assim, elas manipulam o néctar com a boca, adicionando mais enzimas até estar amadurecido. Para diminuir o teor de água, gotas desse néctar são “sopradas” pelas abelhas (como fazemos bolas de chiclete) sendo expostas ao calor e vento do bater das asas. Esse néctar em “processo de secagem” é espalhado pelos favos e quando está “no ponto”, as abelhas tampam o favo com cera para armazená-lo adequadamente.
Abelha operária tem vida curta (1 mês e meio) e é preciso cerca de 12 abelhas para produzir uma colher de chá de mel.
Mel não é somente o adoçante mais antigo do mundo. Tem ação antisséptica, usado em hidratantes, cosméticos etc. Apesar de ter as mesmas calorias por grama do açúcar, considerando medidas caseiras, 1 col. sopa de mel tem cerca de 64 kcal, enquanto 1 col. sopa de açúcar tem 40 kcal. Quanto ao índice glicêmico, pode variar de acordo com a quantidade de frutose (o que não é vantagem).
Grave isso: quando pensamos em efeitos metabólicos, calóricos e glicêmicos, não há vantagem em substituir açúcar por mel.
Açúcar de coco
O açúcar de coco é feito das flores e da seiva da palmeira do coqueiro. Sua composição é aproximadamente 70 a 80% sacarose (açúcar de mesa) e 3% a 9% de glicose e frutose. Tem 4 calorias por grama, tal como o açúcar (sacarose).
A maioria dos fabricantes de açúcar de coco indicam em seus rótulos: zero nutrientes. Aqueles que tem algum nutriente, são microgramas insignificantes. A densidade nutricional é zero. Igual ao açúcar.
Fabricantes do açúcar de coco alegam que seu índice glicêmico (IG) é muito mais baixo do que o açúcar. Mas dependendo da fonte, encontramos classificações que variam de 35 a 54! E não parece estranho algo que é 80% puro açúcar ter um IG tão baixo? 🤔
Além disso, índice glicêmico retrata apenas a velocidade com que a glicemia vai subir (leia minha postagem sobre índice glicêmico X carga glicêmica). Mas ela vai subir de qualquer forma e o corpo vai metabolizar 4 kcal por grama de açúcar de coco (assim como metaboliza o açúcar). Se essas calorias não são usadas como fonte de energia, serão armazenadas como qualquer outro carboidrato.
Também é bom lembrar que se 70 a 80% do açúcar de coco é sacarose, metade disso (30 a 40%) é frutose, o que não é nada bom. Sugiro ler o post sobre frutose para entender seus danos metabólicos.
Como o açúcar de coco é feito da palmeira e da seiva das flores, isso impede que a palmeira dê frutos. Ou seja – sem flor – SEM COCOS!
Pense comigo: sem coco não temos óleo de coco, castanha do coco, coco ralado, farinha de coco, coco seco, leite de coco etc. Isso sem falar na quenga (a estrutura firme do coco) que tem diversas aplicações.
Será que vale a pena arriscar inutilizar a palmeira?
Vale a pena prejudicar a produção de cocos em detrimento de um açúcar que tem ZERO benefícios?
Acessulfame K
Acessulfame K é um adoçante artificial também conhecido como Ace-K, As-K ou Acessulfame de potássio.
É considerado um adoçante intenso pois é cerca de 200 vezes mais doce que o açúcar. Contudo, tem um leve gosto residual amargo e por isso é frequentemente combinado com outros adoçantes para conseguindo assim um sabor agradável.
Descoberto em 1967 e aprovado para uso pela FDA (Food and Drug Administration) desde 1988, está presente em mais de 4.000 alimentos e bebidas, em mais de 100 países ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
Acessulfame K é estável em altas temperaturas, mantendo sua doçura e por isso adequado para ser usado em cozimentos, assados, panificações e combinado com ingredientes ácidos.
Segundo evidências disponíveis até o momento, seu uso é considerado seguro inclusive durante a gestação.
No geral, acessulfame k não causa desconforto gástrico. É zero calorias, zero índice glicêmico, não altera insulina, indicado para diabéticos, não faz mal aos dentes.
Além disso, não é metabolizado ou armazenado pelo corpo. Depois de consumido, é rapidamente absorvido pelo organismo e eliminado na urina sem alterações.
Sabia dessas características do Ace-k?
Sucralose
Sucralose é um adoçante artificial feito a partir do açúcar comum onde 3 grupos de oxigênio da sacarose são substituídos por átomos de cloro.
Foi descoberto acidentalmente em 1976 quando um cientista não entendeu as instruções para “testar” uma substância e ao invés disso, provou! Assim, percebendo seu extremo dulçor, descobriu-se a sucralose.
Por causa dessa modificação nas moléculas do açúcar, nosso corpo não consegue digerir, absorver ou metabolizar a sucralose que será eliminada nas fezes. A pequena parte que é absolvida, é excretada na urina, sem ser digerida.
A sucralose é 500-700 vezes mais doce que o açúcar e o sabor residual é bem menor do que os outros adoçantes intensos.
Por ser um adoçante intenso, sua forma líquida (gotas) geralmente é zero calorias, adequada para diabéticos, não provoca cáries, zero índice glicêmico.
Mas atenção! Sua forma em pó geralmente contém carboidratos calóricos como dextrose, maltodextrina, lactose, etc. e essa combinação pode chegar até a 4 kcal por grama.
Desde 1999 é um dos adoçantes mais populares nos EUA, sendo utilizado em milhares de produtos alimentícios em todo mundo e geralmente é comercializado como Splenda.
Em 2014, um estudo publicado na Nature (Suez et al) afirmando que adoçantes artificiais poderiam prejudicar nossa microbiota intestinal e provocar resistência à insulina, gerou muitas controvérsia. Contudo, em 2019 Thomson et al. replicou o mesmo estudo com mais indivíduos e um grupo controle onde demonstrou que “o consumo de altas doses de sucralose por 7 dias não altera o controle glicêmico, a resistência à insulina ou o microbiota intestinal em indivíduos saudáveis”.
Além disso é importante ressaltar que temos metanálise demonstrando que a substituição do açúcar por adoçantes de alta intensidade, colaboram na perda de peso e não tem impactos glicêmicos negativos em diabéticos.
Eritritol
O eritritol pertence a uma classe de compostos chamados polióis (álcoois de açúcar). É encontrado em pequenas quantidade naturalmente em frutas, vegetais e alguns cogumelos, mas para produção em larga escala, é feito de fermentação da glicose do milho ou outros amidos.
Com apenas 5 a 6% das calorias do açúcar, mas com 65 a 70% de dulçor, eritritol é da categoria dos adoçantes de corpo (ou volume). Não tem sabor residual, mas pode causar a sensação de resfriar a boca.
Se mantem estável à temperaturas e por isso indicado para cozinhar, assar etc. Quando misturado a adoçantes intensos resulta em um ótimo substituto para o açúcar tanto no sabor, quanto no corpo o que é especialmente bom para receitas.
No geral, parece um adoçante seguro. Ao contrário dos outros polióis, não costuma causar reações gastrointestinais. Isso porque ao ser ingerido, a maior parte do eritritol é absorvida no sangue antes de chegar ao cólon. Depois de circular por um tempo, é excretado inalterado na urina.
Mesmo assim, é bom ter em mente a recomendação de não passar de 1g de eritritol por quilo de peso corporal. Assim, para uma pessoa que pesa 70 quilos, o limite diário seria 70 gramas de eritritol.
Temos estudos demonstrando que eritritol pode até melhorar a saúde bucal. Ele reduz a proliferação e aderência de bactérias que causam placa, inibe a proliferação e atividade de bactérias que causam cáries e neutraliza os ácidos produzidos pela placa bacteriana, evitando a desmineralização do esmalte dos dentes.
Num estudo em ratinhos diabéticos, o eritritol atuou como agente antioxidante, ajudando protegendo o endotélio (revestimento interno dos vasos sanguíneos e linfáticos) contra os danos induzidos pela hiperglicemia.
Seguro para diabéticos, muito baixo índice glicêmico, não é tóxico para cães e gatos (ao contrário do xilitol). Mas se você é sensível a outros polióis, preste atenção se o eritritol não vai lhe causar algum desconforto gastrointestinal.
Sacarina
A sacarina é o adoçante artificial mais antigo do mercado. Há mais de 130 anos é usada em alimentos, bebidas, doces, geleias, adoçante de mesa, medicamentos etc.
Está na categoria dos adoçantes intensos pois é cerca de 300 a 400 vezes mais doce que o açúcar. É estável ao calor, adequada ao uso culinário, tem longa vida útil e tem custo bem acessível. Apesar de ter um sabor amargo e metálico, parece que funciona bem quando é combinado com outros adoçantes.
Considerada segura para uso em humanos, segura para diabéticos, não tem calorias, zero índice glicêmico, não provoca cáries.
Como é usada há mais 130 anos, provavelmente é o adoçante artificial mais seguro. Afinal, nesses anos todos de uso, se tivesse algum problema provavelmente já teria sido teria sido detectado.
Um estudo de 2014 causou alarde e controvérsia ao estabelecer relação causal entre o consumo de sacarina e intolerância à glicose (diabetes) por alterações na microbiota intestinal. Mas este estudo foi feito sem controle adequado, a maior parte em ratinhos, só 7 sujeitos, a primeira etapa analisada em humanos foi observacional, a sacarina era comercial (pode conter 95% de glicose), além de outras limitações.
Mas desde 1920, uma série de outros estudos vêm demonstrando que a sacarina é segura. Mais recentemente por exemplo, em 2021 um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo avaliou a sacarina em 46 adultos saudáveis e não foram encontradas nenhuma mudança na microbiota intestinal nem no perfil metabólico dos participantes.
Xilitol
O xilitol foi descoberto em 1890 e passou a ser muito utilizado desde 1960. Da classe dos polióis, o xilitol está presente naturalmente em alguns cogumelos, frutas e legumes em quantidades reduzidas. Nosso fígado também produz xilitol: cerca de 5 a 15 g por dia, como intermediário do metabolismo da glicose. Pode também ser extraído da casca da bétula mas para produção industrial, geralmente é usado milho transgênico.
Quando comparado ao açúcar, xilitol é o mais doce dos polióis e tem cerca de 40% menos calorias. De acordo com a literatura, o índice glicêmico (IG) do xilitol pode variar entre 7 a 13. Mesmo com essa variação é um IG bem baixo.
Tem dulçor similar ao açúcar, apesar de algumas pessoas relatarem sentir um resfriamento semelhante ao do eritritol, mas quase sem sabor residual.
Atualmente considerado um prebiótico, mais da metade do xilitol ingerido chega intacto ao intestino grosso e será fermentado pela microbiota intestinal, podendo causar desconfortos gastrointestinais como: diarreia, gases, cólicas, borborigmos (ruídos gastrointestinais intensos e desconfortáveis) etc.
A quantidade de ingestão diária bem tolerada do xilitol, pode variar bastante em cada pessoa. Pelo visto, há um consenso que adultos conseguem tolerar bem 10 a 50 gramas por dia, divididos em várias porções. Mas parece que ele é dose-dependente, ou seja, quanto mais xilitol ingerirmos maior a probabilidade de experimentar esses efeitos indesejados.
Xilitol não favorece cáries, encontrado em cremes dentais, enxaguantes bucais, chicletes, balas, xaropes e em vários produtos. Mas atenção! É extremamente tóxico para cães, gatos e coelhos. Uma pequena quantidade pode causar convulsões, insuficiência hepática e até ser fatal.
Um ECR Controlado Duplo-cego, avaliou que além de zero impacto glicêmico, o ERITRITOL pode ser melhor para saúde dental do que o xilitol. Além disso, quando comparado ao xilitol, o eritritol pode ser totalmente absorvido, causando menos desconfortos gastrointestinais.
Ciclamato
O ciclamato, seja ele de sódio ou cálcio, é um adoçante não calórico que não é absorvido pelo organismo e é cerca de 30 a 50 vezes mais doce que o açúcar.
Por ter alto grau de doçura, ser um bom intensificador de sabores, ter boa solubilidade e estabilidade (frio e calor), é usado em produtos farmacêuticos, preparos culinários, bebidas dietéticas e outros alimentos de baixa caloria.
Apesar de um certo gosto residual, ciclamato tem um sabor razoável. Mas quando misturado a outros adoçantes, tem o que chamamos de efeito sinergético, ou seja, sabores que se complementam (disfarçam sabores residuais, tem resultado mais doce etc.). Uma das combinações mais usadas é a de sacarina e ciclamato (1:10). Esta mistura provavelmente é a que melhor imita o açúcar diluído em líquidos, sem sabor residual.
Usado há mais de 70 anos, aprovado em mais de 50 países, é o segundo adoçante mais antigo no mercado e até o momento, não há evidências epidemiológicas em humanos onde ciclamato foi associado a tumores.
Seu uso foi proibido nos EUA em 1969, quando um estudo em ratinhos alimentados com uma mistura de sacarina e ciclamato (1:10) desenvolveram tumores na bexiga. A quantidade que eles bebiam seria equivalente a 350 latas de bebida dietética por dia para humanos. E somente 8 dos 240 ratinhos desenvolveram os tumores. O patologista que examinou os tumores, Stephen Sternberg, (do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center) na época questionou por que o ciclamato foi incriminado, já usaram uma mistura de sacarina e ciclamato. 🤷♀️
Dezenas de outros estudos não relataram risco de câncer em ratos, camundongos, cães, ratos ou macacos. Em meados de 1980, organizações profissionais de saúde de todo o mundo concordaram com a Academia Nacional de Ciências que “a totalidade das evidências de estudos em animais não indica que o ciclamato (ou seu metabólito) seja cancerígeno”. Contudo, permanece proibido nos EUA. Atualmente, diante das inúmeras evidências, a FDA está analisando aprovar novamente seu uso.
Estévia
Estévia é feita de glicosídeos do esteviol extraídos e purificados das folhas da planta Stevia Reubadiana. Cerca de 200 a 300 vezes mais doces que o açúcar, a estévia é nativa da América do Sul, da Serra de Amambai (MS), região limítrofe entre o Brasil e o Paraguai.
Ela não altera índices glicêmicos, não tem calorias, é bem estável ao calor, sendo segura para uso culinário e alimentos industrializados. Além disso, não favorece formação de cáries e é um adoçante relativamente barato e fácil de encontrar.
Estévia é usada desde 1970 no Japão, quando cientistas japoneses desenvolveram o primeiro adoçante comercial derivado dessa planta. Quando avaliada pelos EUA e Canadá, em meados de 1990, não foi aprovada. Até então, alguns estudos em ratinhos apontaram potencial carcinogênico. Mas em 2008, o uso do extrato bruto de estévia foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) nos EUA e em 2011 pela União Europeia. Contudo, até o momento, o FDA não aprova o uso das folhas de estévia em alimentos.
Estévia é considerada um adoçante natural, embora certas formas de extração e refino podem acentuar um gosto residual amargo. Algumas pesquisas sugerem que a estévia pode interferir na microbiota intestinal (Ojeda et al 2019). Em 2020, pequeno estudo em humanos (Markus et al) apontou um “efeito inibitório na comunicação bacteriana” pelo uso da estévia, o que poderia favorecer disbiose intestinal, diarreia, gases e náuseas. E ainda outro estudo em ratinhos consumindo estévia (Farid et al 2020), mostrou aumento de metabólitos responsáveis por inflamação no fígado e rins. No entanto, são necessárias mais pesquisas sobre o tema, uma vez que ainda não existem evidências suficientes para relacionar o uso da estévia com problemas renais e hepáticos em humanos.
Pessoas que usam medicamentos para controle glicêmico e pressão arterial, devem ter cuidado ao usar estévia pois parece que seu uso pode diminuir a pressão arterial e a glicose sanguínea. Consulte seu médico!