Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) acontece quando seu sistema imunológico identifica essa proteína como um invasor (alérgeno) e reage produzindo anticorpos IgE ou mistos.
Os principais sintomas são: urticária, angioedema, dermatite atópica e até mesmo a anafilaxia. Estima-se que 5% e 15% da população mundial tenha APLV, atingindo cerca de 2,2% da população Brasileira.
Atualmente temos os seguintes procedimentos para diagnóstico de APLV: histórico clínico detalhado, diário alimentar, testes cutâneos (TC – Prick Test), exame de sangue para presença de IgE específico, teste de provocação oral e dieta de exclusão da proteína do leite de vaca.
Vale lembrar que testes de sangue e cutâneos são válidos apenas para quem têm alergia mediada por IgE ou mista e, mesmo assim, não confirmam o diagnóstico de APLV isoladamente. Os testes cutâneos positivos podem ser apenas um sinal de sensibilização ao alimento, que pode não estar relacionada às reações alérgicas. Portanto, somente retire alimentos da dieta se o médico assim recomendar.
A dieta de exclusão é de grande auxílio no diagnóstico da APLV. Pode durar de 3 a 15 dias (ou de acordo com indicação médica). Se ao retirar a proteína do leite da dieta (exclusão) o paciente apresentar melhora, e na reintrodução os sintomas retornam, a ter sintomas ajuda na confirmação do diagnóstico. Qualquer desses procedimentos e diagnósticos devem ser feitos somente sob orientação médica.
Cerca de 80% da proteína do leite de vaca são caseínas e 20% são as proteínas do soro do leite. No geral, as frações proteicas das caseínas são: α1, α2, β, κ e γ sendo que as α1 e β são as mais abundantes. Já o soro do leite tem como frações β-lactoglobulina, α-lactoalbumina, Soroalbumina bovina, Imunoglobulinas, entre outras.
A β-caseína compõe aproximadamente 30% da proteína total do leite de vaca, e os tipos mais comuns encontrados nos bovinos são A1 e A2. Há 3 tipos possíveis de combinações genotípicas para produção da β-caseína (passe para o lado para veja a ilustração):
🐮 Vacas A1A1, que produzem leite com β-caseína A1A1
🐮 Vacas A1A2, que produzem leite com β-caseína A1A2
🐮 Vacas A2A2, que produzem leite com β-caseína A2A2
Atualmente, a maioria dos leites de vaca comercializados são A1A1 ou A1A2. Mas o mercado do leite de vaca A2A2 tem crescido pautado em pesquisas sugerindo que, a proteína A2 tem melhor digestibilidade e mais fácil absorção do que a A1. Vale ressaltar a β-caseína predominante nos leites de cabra, ovelha e búfala é a A2. Além disso, a β-caseína A2 parece ter mais similaridade com a β-caseína do leite materno.
No geral, a β-lactoglobulina é apontada como o principal alérgeno do leite de vaca. Mas as outras proteínas também podem desempenham papel importante na APLV. Por isso, as diretrizes atuais ressaltam que, nem leite de vaca A2A2, nem leite de outros mamíferos (ovelha, cabra, búfala) são indicados para quem tem APLV, pois as proteínas desses leites são semelhantes às proteínas do leite de vaca, sendo que a chance de reatividade cruzada entre essas proteínas é alta.