Alergia e intolerância alimentar muitas vezes são confundidas e até podem ter sintomas parecidos, mas a forma com a qual o corpo reage é completamente diferente. Enquanto na alergia alimentar a resposta vem do sistema IMUNOLÓGICO, na intolerância alimentar a resposta vem do sistema GASTROINTESTINAL (digestório). Vamos entender as diferenças?
No geral, a Intolerância Alimentar acontece quando:
• o corpo não produz enzimas específicas necessárias para digerir uma determinada substância (Intolerância à lactose, intolerância à histamina)
• há sensibilidade a aditivos alimentares (conservantes, glutamato monossódico, corantes, sulfitos, etc.)
• há sensibilidade à composição química do alimento (cafeína, amina, salicitatos, FODMAPS etc.).
Os sintomas de Intolerância Alimentar geralmente acontecem logo depois de comer os alimentos. Os mais comuns são:
• Cólica abdominal
• Dor de estômago
• Diarreia
• Constipação
• Flatulência
• Inchaço
• Enjoo
• Dores no estômago
• Rubor, vermelhidão, coceira
Pequenas quantidades do alimento problemático geralmente são bem toleradas e as reações não são fatais (exceto para reações ao sulfito e benzoato que podem causar anafilaxia). Mesmo assim, intolerâncias alimentares devem ser levadas a sério pois podem prejudicar consideravelmente a qualidade de vida e saúde.
Composto por milhões de células com diferentes funções, o sistema imunológico funciona como uma barreira que defende o corpo contra ataques de bactérias, vírus, etc. No geral, as alergias alimentares acontecem quando o sistema imunológico reage exageradamente à uma substância de um alimento como se ela fosse um “invasor”.
Ainda que qualquer alimento possa provocar alergias, cerca de 80% das alergias alimentares são causadas por:
• leite de vaca
• ovos
• soja
• trigo
• amendoim
• castanhas
• peixes
• crustáceos
Mas vale observar que, atualmente, kiwi, gergelim e mandioca tem sido descritos como alimentos com potencial alergênico.
Como as reações alérgicas são exacerbadas, é primordial que estejamos atentos. Os sinais podem aparecer em questão de minutos ou algumas horas depois. Os principais sintomas incluem:
• Formigamento ou coceira na boca
• Inchaço dos lábios, rosto, língua ou outras partes do corpo
• Manchas vermelhas na pele, urticária, coceira
• Chiado, congestão nasal ou dificuldade para respirar
• Dor abdominal, diarreia, náusea ou vômito
• Tonturas, vertigens ou desmaios
Ao contrário das intolerâncias, as alergias alimentares podem ser fatais. Em circunstâncias extremas, o mínimo contato com uma pequena quantidade do alérgeno pode produzir uma reação crítica como a anafilaxia. Além dos sintomas acima, os sinais desta reação podem incluir:
• Formigamento nas mãos, pés, lábios, couro cabeludo
• Rouquidão, edema de glote
• Sibilos, aperto no peito, dificuldade em respirar
Atualmente, as alergias alimentares são classificadas em 3 tipos levando em conta o mecanismo imunológico envolvido. Assim, temos reações do sistema imunológico:
• mediadas por imunoglobulina E (IgE)
• não-mediadas por IgE
• reações mistas (mediadas por IgE e hipersensibilidade celular).
Alergia alimentar mediada por IgE é o tipo mais comum. Acontece quando o sistema imunológico produz anticorpos (IgE) “contra” o alimento. No geral, as reações começam em segundos ou minutos depois do contato como alérgeno. Os sintomas incluem reações na pele (urticária, angioedema), gastrointestinais (edema, coceira, formigamento, prurido de lábios, língua ou palato, vômitos, diarreia), respiratórias (broncoespasmo, coriza), anafilaxia e choque anafilático.
As reações não-mediadas por IgE são causadas por outras células do sistema imunológico. Os sintomas podem surgir horas, dias ou até semanas depois do contato com o alérgeno. Nesse caso, podem se relacionar com vários tipos de alimentos (e não apenas um específico). Alguns exemplos clínicos: enteropatia induzida por proteína alimentar e enterocolite induzida por proteína alimentar.
No grupo das reações mistas as manifestações vem de mecanismos mediados por IgE e atuação de linfócitos T e citocinas pró-inflamatórias. São exemplos clínicos deste grupo a esofagite eosinofílica, a gastrite eosinofílica, a gastrenterite eosinofílica, a dermatite atópica e a asma.